A mudança da Ford diz muito! Para poucos...
Texto do autor Ricardo Poli para o Bring me More, coluna especial do BRING ME DATA, que traz a visão de grandes nomes do mercado.

Após um tempo merecido para o descanso mental dos acidentais leitores e leitoras, está de volta a coluna desse velho professor de marketing rabugento para o Bring Me Data. Mais uma vez, as meninas da MACFOR tentaram agradar esse escrevinhador metido a colunista com uma sugestão de pauta envolvendo assuntos que o agradam profundamente: marketing e automóveis. O mote central? A nova campanha de comunicação da Ford para suas linhas de produto.
A matéria de referência, se assim pode ser qualificada como tal, pode ser acessada pelo link “martelado” em alguma palavra desse texto. Vale a pausa para leitura dele antes de prosseguir por aqui.
Isso posto, tudo gira em torno do novo posicionamento de comunicação da Ford para as suas três principais linhas de produto. Obviamente, o assunto por si só tem grande poder de gerar opiniões, palpites e análises dos mais variados níveis de inteligência. A nova campanha foi concebida e executada pela agência Wieden+Kennedy, que optou por uma solução “3 em 1” em sua principal peça de comunicação. Vale dizer que não segmentou nada, apenas dividiu a concepção de seu roteiro em função das três linhas de produto estabelecendo vasos comunicantes existentes entre elas.
Tamanha ousadia culminou numa solução muito bem resolvida, ainda que não seja caracterizada como uma grande novidade. Outros fabricantes de automóveis já fizeram algo parecido. Logo, pode-se presumir que se trata de uma fórmula com baixo risco de grandes catástrofes. Em tempo: as três linhas de produtos estão atreladas à marca Mustang, Bronco e “F+número”, das pick-ups. Colocá-las sob o mesmo denominador comum deve ter sido considerado como o grande desafio do briefing inicial para a agência. Vale ver o filme oficial da campanha.
Entendendo minimente o contexto do desafio em questão, fica fácil constatar que o novo posicionamento de comunicação é resultado do estabelecimento de um novo posicionamento de marketing, principalmente no que se refere ao portifólio de produtos oferecidos. Tudo ficou resumido à linha esportiva (Mustang), aventureira (Bronco) e “mão na massa” (F + número), unidas pelo apelo “Read, Set, Ford”. Vale lembrar que talvez sejam as três marcas mais nostálgicas da Ford.
Por conta disso, criar uma campanha para se aproximar dos públicos das gerações mais jovens, sem perder o lugar cativo na mente das gerações mais velhas, tenha se configurado como o outro desafio instigante do briefing inicial. Nesse sentido, vale a atenção ao apelo da linha “F+número” no referido filme. O que não deve ser nunca esquecido é que marcas consistentes sempre deixam legados geracionais, quer sejam eles bons ou ruins. No caso da Ford, a tendência pende mais para o lado positivo, ao contrário da Marlboro. Mas saber se aproveitar disso é outra história...
A matéria ainda faz referência à tentativa da Ford em deixar de ser uma empresa “product-first” para se tornar cada vez mais “customer-centric” e que isso é uma tentativa de “acompanhar marcas chinesas que já nasceram digitais”. Diante dessa informação, se torna inevitável o exercício de perguntas rabugentas: A Ford demorou 122 anos para descobrir isso? Marcas que nascem digitais são imunes ao vírus do “product-first”?
Particularmente, não acredito que uma marca dessa idade tenha sobrevivido tanto tempo exclusivamente com a premissa do “product-first”, bem como não acredito que marcas nascidas recentemente já tenham em seu DNA o cromossomo do “customer-centric”.
De fato, o que se pode constatar é que a Ford está em busca de um novo posicionamento de marketing e comunicação. Em outras palavras, está tentando conversar com seus públicos (de várias gerações) de forma mais emocional, quer seja por meio de processos de comunicação mais adequados, quer seja por meio da oferta de um portifólio de produtos mais consistente.
Por fim, ao contrário do que diz a matéria geradora dessa coluna, a Ford voltará à Fórmula 1 somente em 2026 e não esse ano. Destaca-se também que a palavra “excessão”, grafada dessa forma lá, faz com que ocorra considerável perda de credibilidade intrínseca ao potencial que o assunto em questão pode ter. Além disso, fica evidente o uso da IA para elaboração do referido texto. Frases desconectas, afrontas à Língua Portuguesa, falta de fluidez e pouco raciocínio lógico desembocam num amontoado de palavras que pouco parece ser um texto digno de leitura. Mas isso só se descobre depois de lê-lo.
Coisa dos tempos modernos, onde publicar é mais importante do que aquilo que se publica.
Mas para o alívio de poucos, existem exceções.
Ricardo Poli é professor, palestrante, provocador, piadista e colunista da BRING ME DATA.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data.