O hype da agricultura generativa e como o agro pode aproveitar o momento

Como marcas do agronegócio estão gerando receita com sustentabilidade: ROI 120% superior, redução de custos operacionais e acesso a mercados premium

O hype da agricultura generativa e como o agro pode aproveitar o momento

A agricultura regenerativa se consolidou como um ativo relevante para diversas grandes marcas globais, que já anunciam metas, projetos e investimentos voltados à transição de cadeias de fornecimento e produção agrícola para modelos mais sustentáveis e climaticamente resilientes.

Grandes marcas globais investem em agricultura generativa

  • Nestlé: anunciou investimento de US$1,29 bilhão para acelerar a adoção da agricultura regenerativa em sua cadeia global, composta por mais de 500 mil produtores e 150 mil fornecedores.
  • General Mills: comprometida com a regeneração de 400 mil hectares em sua cadeia de laticínios até 2030, com meta de redução de 30% das emissões de GEE e “net zero” até 2050.
  • PepsiCo: definiu metas de atingir 100% das matérias-primas obtidas de forma sustentável até 2030, com foco em ampliar para 2,8 milhões de hectares áreas sob práticas regenerativas, prevendo a redução de pelo menos 3 milhões de toneladas de GEE.
  • Walmart: programa para converter 242 mil hectares em agricultura regenerativa até 2030, com compromissos milionários também para a pecuária regenerativa.
  • Cargill: plataforma RegenConnect para remunerar produtores por créditos de carbono, com meta de engajar mais de 4 milhões de hectares até 2030.
  • Diageo (Guinness e Johnnie Walker): implementa projetos em regiões como Irlanda, Escócia e México, visando melhorar saúde do solo e reduzir fertilizantes em culturas essenciais para seus produtos.
  • Mondelēz (Cocoa Life): investe mais de US$ 1 bilhão para garantir que 100% do cacau venha de agricultura regenerativa até o fim de 2025.
  • Amazon:integra iniciativas para financiar a restauração de pastagens degradadas e criar aceleradoras para projetos de agroflorestas na Amazônia, impactando milhares de pequenos produtores.

Impacto da agricultura generativa

  • Empresas relatam ganhos como maior produtividade, resiliência frente a eventos extremos e aumento de rentabilidade agrícola, além de fluxo adicional via créditos de carbono.
  • A agricultura regenerativa é vista como essencial para enfrentar desafios do clima e para o futuro da produção de alimentos em larga escala, já representando milhões de hectares em transição apenas nos EUA e Europa.

Panorama da agricultura regenerativa

  • Estima-se que mais de 600 empresas globais já alinharam metas públicas relacionadas à agricultura regenerativa, e há dezenas de milhões de hectares já em transição ou planejados para adoção deste modelo.
  • Setores mais dinâmicos incluem alimentos (snacks, grãos, bebidas), laticínios, carnes e fibras, com participação ativa também das áreas de tecnologia e varejo.

Esse movimento mostra que a agricultura regenerativa deixou de ser nicho e já é um pilar estratégico para as principais cadeias agroindustriais globais, sendo adotada tanto por grandes food brands quanto por gigantes do agronegócio e do varejo.

As principais métricas que mostram o impacto econômico da agricultura regenerativa para grandes marcas incluem aumento da produtividade, redução de custos operacionais, retorno sobre o investimento (ROI), e agregação de valor à marca e à cadeia produtiva.

Produtividade e receita

  • Estudos indicam que fazendas com práticas regenerativas podem ter ganhos de produtividade de até 23% em relação ao convencional, além de obter maior previsibilidade e resiliência em anos de eventos climáticos extremos.
  • Marcas observam aumento de receita agrícola e da eficiência produtiva, com mais biodiversidade e melhor ciclagem de nutrientes.

Redução de custos

  • A diminuição na necessidade de insumos externos, como fertilizantes e defensivos, resulta em queda significativa dos custos de produção e maior margem operacional.
  • Empresas como SLC Agrícola reportaram redução das aplicações de químicos e aumento do uso de insumos biológicos, reduzindo despesas diretas em múltiplas safras.

ROI e retorno de longo prazo

  • O Retorno sobre Investimento (ROI) é calculado avaliando-se o aumento líquido de produtividade e/ou a redução de custos em relação ao investimento feito para implementar práticas regenerativas.
  • Estudos internacionais mostram que a lucratividade chega a ser de 70% a 120% superior e o ROI anualizado pode ficar entre 15% e 25% ao longo de 10 anos, comparando cenários regenerativos com o manejo convencional.
  • O cálculo do ROI deve considerar o período de implantação, payback do investimento e valorização de ativos (como solo e propriedade).
  • Valor total gerado ao PIB e cadeia produtiva: por exemplo, o potencial de geração de até US$100 bilhões no Cerrado brasileiro só com a recuperação de pastagens em larga escala.
  • Estabilidade e resiliência da cadeia de suprimentos, resultando em maior segurança para marcas multinacionais e melhor gestão de riscos climáticos e mercadológicos.
  • Diferenciação e valorização do produto final, possibilitando melhores preços e acesso a mercados premium ou certificados.

Essas métricas ajudam as marcas a avaliar e justificar financeiramente a transição para práticas regenerativas, mostrando forte vínculo entre sustentabilidade, desempenho econômico e fortalecimento da reputação corporativa.

O agro pode explorar o momento de alta da agricultura regenerativa como uma oportunidade estratégica para aumentar resiliência, fortalecer reputação e criar novos fluxos de receita.

Marcas do setor agro podem se beneficiar desse contexto ao integrar práticas regenerativas, inovar na oferta de produtos e se posicionar como referência em sustentabilidade, tanto no Brasil quanto globalmente.

Como o agro pode explorar a tendência da agricultura generativa

  • Acesso a mercados premium: produtos certificados como regenerativos tendem a ser valorizados e a conquistar nichos consumidores dispostos a pagar mais pela diferenciação ambiental, além de garantir acesso a mercados mais exigentes em governança ESG.
  • Monetização de serviços ambientais: a adoção de práticas regenerativas habilita o agro a captar recursos via créditos de carbono e pagamentos por serviços ambientais, ampliando a rentabilidade para marcas, cooperativas e produtores.
  • Resiliência produtiva: sistemas agrícolas mais diversos, com rotação de culturas, integração lavoura-pecuária e solo ativo, tornam a produção menos vulnerável a choques climáticos e flutuações de preços, reduzindo riscos financeiros.

Benefícios para marcas do agro

  • Criação de valor e reputação: marcas que comunicam práticas regenerativas conquistam maior valor agregado, fidelizam clientes e se destacam no debate global por soluções climáticas no agronegócio.
  • Inovação em portfólio: desenvolvimento de produtos inovadores (grãos, fibras, proteínas, bioinsumos) com rastreabilidade e certificação regenerativa, atraindo contratos com multinacionais e cadeias globais de alimentos e bebidas.
  • Parcerias e incentivos: grandes marcas e tradings podem atuar como facilitadoras, promovendo capacitação técnica, linhas de crédito e tecnologia para pequenos e médios produtores integrarem cadeias regenerativas, fortalecendo o ecossistema agroindustrial.

Ao investir em agricultura regenerativa, as marcas do agro não só minimizam riscos ambientais e de reputação como também lideram um movimento de inovação e expansão sustentável, tornando-se protagonistas em mercados nacionais e internacionais e ampliando seu potencial de crescimento de longo prazo.