O papel da comunicação do agro na era do apagão de talentos no setor

Por que as campanhas da sua marca não atraem a geração que pode salvar o setor.

O papel da comunicação do agro na era do apagão de talentos no setor

Enquanto executivos do agronegócio celebram recordes de produção e faturamento trilionário, alguns números de alerta não recebem a devida atenção: 94% das empresas industriais não conseguem contratar técnicos e 84% fracassam na busca por operadores qualificados.

No agronegócio, essa estatística é realidade que já devasta a produtividade de várias das gigantes do setor.

Uma matemática simples e assustadora na indústria do agro

Temos 1,5 milhão de tratores e colheitadeiras em operação no Brasil. Precisamos de 200 mil técnicos em agropecuária até 2030. Temos apenas 90 mil registrados.

Enquanto 94% das empresas industriais não conseguem contratar técnicos qualificados, o marketing de recrutamento no agronegócio continua falando para quem já está convencido.

O agro faz campanhas para produtores que conhecemos há 30 anos, enquanto 200 mil vagas técnicas ficam em aberto porque ninguém sabe que elas existem. O setor que alimenta o mundo não consegue comunicar suas próprias oportunidades para a geração que precisa alimentar.

O diagnóstico brutal da comunicação agrícola

Temos menos de 5% dos estudantes do ensino médio interessados em cursos técnicos do agro. Não é porque faltam vagas, sobram. Não é porque faltam salários, maquinistas especializados ganham R$ 15 mil mensais.

É porque a comunicação está falando a língua errada para a audiência errada nos canais errados.

Grande marcas do agro continuam anunciando em revistas especializadas para uma geração que consome conteúdo no TikTok. Falamos de "tradição familiar" para jovens que querem tecnologia, inovação e propósito.

Perdendo a guerra do futuro

Fabricantes de Máquinas: gastam milhões mostrando tratores para quem já compra tratores. Zero investimento em mostrar para jovens que operar essas máquinas é como pilotar naves espaciais de R$2 milhões.

Cooperativas: comunicam valores do cooperativismo para cooperados. Ignoram completamente a necessidade de atrair nova geração de técnicos e operadores.

Empresas de insumos: focam em eficácia agronômica para produtores. Esquecem que precisam de técnicos qualificados para aplicar esses produtos.

Universidades e institutos: fazem marketing institucional burocrático quando deveriam estar vendendo carreiras de futuro para nativos digitais.

Reposicionamento para as novas gerações

O papel da comunicação na era do apagão de talentos passa pelos seguintes passos.

1. Pare de romantizar o passado, venda o futuro

Em vez de "tradição no campo", comunique: "tecnologia que alimenta 8 bilhões de pessoas". Jovens não querem carregar legado, querem construir futuro.

Insight de campanha: "seu PlayStation treinou você para operar uma John Deere de R$ 3 milhões"

2.Use dados como provocação

  • "Operador de colheitadeira ganha mais que analista júnior no banco"
  • "Técnico em agricultura de precisão: profissão que não existia há 10 anos, hoje paga R$ 12 mil mensais"

3. Gamifique a agricultura

A geração que cresceu com videogames não vê agricultura como atrativa porque nossa comunicação é analógica. GPS, telemetria, drones, análise de dados, IA aplicada - isso é gaming profissional.


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