O que os livros “A Transformação Digital”, de David L. Rogers, e “Você, Eu e o Robô”, de Martha Gabriel, me fizeram enxergar sobre o agora
Texto da autora Paula França para o Bring me More, coluna especial do BRING ME DATA, que traz a visão de grandes nomes do mercado.

Nos últimos anos, tenho me dedicado a entender — e a ajudar empresas e pessoas a entenderem — o que, de fato, significa viver e prosperar em um mundo digital. Nessa jornada, dois livros me marcaram profundamente: A Transformação Digital, de David L. Rogers, e Você, Eu e o Robô, de Martha Gabriel.
Ao mergulhar nessas leituras, percebi que ainda somos tentados a reduzir a transformação digital a uma atualização tecnológica — trocar sistemas, entrar em redes sociais, usar inteligência artificial. Mas não é sobre isso. Ou melhor: não é só sobre isso.
David L. Rogers apresenta, de forma clara, que a verdadeira transformação digital não começa na tecnologia, mas na mentalidade. Seu livro é quase um manifesto para líderes e gestores: adaptar-se ao digital exige repensar cinco pilares essenciais — clientes, competição, dados, inovação e proposta de valor.
Essa visão me fez revisitar várias experiências que já vivi com negócios tentando se “digitalizar”. Muitas vezes, a tecnologia estava ali. Mas faltava clareza de propósito, conexão com o cliente real e, principalmente, uma disposição genuína para mudar. Rogers me fez entender que uma empresa só se transforma quando decide se reconstruir a partir de perguntas novas: quem é meu cliente agora? O que ele valoriza? Com quem realmente estou competindo? Como uso dados para gerar sentido — e não só controle?
Já Você, Eu e o Robô, de Martha Gabriel, me provocou por outro lado. Se Rogers fala das organizações, Martha nos chama para um mergulho mais pessoal, quase filosófico. O livro aborda, com maestria, a convivência com as inteligências artificiais que já habitam nosso cotidiano — dos algoritmos que escolhem o que vemos nas redes sociais aos robôs que tomam decisões nos bastidores de empresas, bancos e governos.
Ela me fez refletir sobre a urgência de desenvolver consciência crítica e ética diante dessas tecnologias. Afinal, estamos nos tornando dependentes de sistemas que nem sempre compreendemos. E mais: estamos nos relacionando com máquinas que aprendem com nossos dados — inclusive nossos preconceitos, desejos, medos e erros.
Martha nos provoca a não terceirizar a responsabilidade. A inteligência artificial não é neutra. E quem a utiliza, constrói e aplica precisa fazer isso com intencionalidade. Isso vale para empresas, sim, mas também vale para mim, como profissional, como cidadão e como ser humano.
Essas duas obras, juntas, me ajudaram a compreender que o digital não é mais um diferencial — é o próprio tecido da realidade atual. E que a transformação que precisamos viver é, ao mesmo tempo, estrutural e subjetiva: uma reinvenção do modo de operar e uma reconfiguração do modo de pensar, decidir e sentir.
Hoje, quando penso em futuro, penso menos em ferramentas e mais em perguntas.
Penso menos em tecnologia e mais em propósito.
Penso menos em controle e mais em consciência.
Se você é líder, empreendedor, profissional em transição ou simplesmente alguém inquieto com o presente, recomendo profundamente a leitura desses dois livros. Eles não trazem respostas prontas — e isso é ótimo, porque nos colocam onde realmente deveríamos estar: no centro da transformação, como protagonistas, e não como espectadores.
Paula França é gestora especialista em planejamento estratégico e transformação digital com mais de 20 anos de experiência em varejo.
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As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião da Bring Me Data e do blog da Macfor.