Sleep as a service: como a insônia gerou um mercado de US$113 bilhões
Como startups de healthcare estão criando modelos de negócio bilionários que prometem hackear a insônia.

Enquanto você rola o feed até 2h da manhã, uma indústria inteira fica acordada pensando em como monetizar exatamente isso: sua incapacidade de desligar o cérebro e dormir direito. E estão faturando bilhões.
O mercado global do sono saltou para US$67,76 bilhões em 2024 e deve expandir para US$113,61 bilhões até 2033, uma taxa de crescimento de 5,91% ao ano. É mais dinheiro que o PIB da Ucrânia.
Globalmente, 67% dos adultos relatam algum distúrbio do sono. Ou seja: se você está lendo isso meio morto de sono, você não está sozinho.
Sleep as a Service
Para os setores de saúde, a insônia é o negócio mais relevante do momento na intersecção entre wellness, tech e hospitalidade.
O mercado de "sleep aids" (produtos e serviços para dormir) está crescendo 6,90% ao ano. Para comparar: isso é um crescimento maior que o do mercado global de podcasts e streamings de música.
Hotéis que viraram clínicas do sono
A indústria hoteleira descobriu que millennials e Gen Z não querem só um lugar para dormir, querem uma experiência de sono. Hotéis premium agora oferecem:
Quartos "circadianos": sistemas de luz que simulam o nascer e pôr do sol natural, porque aparentemente precisamos hackear nossa biologia para lembrar como dormir sem tela.
Concierges de sono com IA: assistentes virtuais que ajustam temperatura, umidade e até tocam soundscapes personalizados. É como ter um Alexa especializado em fazer você apagar.
Monitoramento biométrico não-invasivo: sensores que captam seus movimentos, temperatura corporal e qualidade do sono sem você nem perceber.
Sleep coaching personalizado: especialistas disponíveis 24/7 para otimizar seu descanso. Porque coaching não é só para carreira e fitness anymore.
Sono por assinatura
O modelo está invadindo residências através de serviços que incluem:
- Consultoria domiciliar (sim, existe consultor de quarto).
- Assinaturas mensais de "wellness noturno".
- Smart homes especializadas em sono (sua casa literalmente aprende seus padrões de sono).
Big techs para o sono
Algumas startups estão desenvolvendo soluções que parecem saídas de Black Mirror:
Bioacústica personalizada
Tecnologias que analisam sua atividade cerebral individual e criam soundscapes personalizados em tempo real. Não é aquele ruído branco genérico, é um soundtrack criado especificamente para o SEU cérebro entrar em modo sleep.
"Microclimas" de sono
Sistemas que controlam simultaneamente temperatura, umidade, pressão atmosférica e até composição do ar no seu quarto. É como ter controle climático level NASA para dormir.
Treino neuroplástico
Protocolos que combinam luz de baixa intensidade, vibração tátil e aromas sincronizados para literalmente "treinar" seu cérebro a dormir mais rápido. É conditioning pavloviano para insones.
IA preditiva
Algoritmos que conseguem prever seus episódios de insônia com 72-96 horas de antecedência, analisando seus dados comportamentais. É meio assustador, meio genial.
Como sair das telas e usar apps para dormir?
A grande ironia da nossa geração: a higiene do sono diz para largar o celular, mas as terapias digitais mais eficazes dependem exatamente da tecnologia que supostamente deveríamos evitar antes de dormir.
A ciência dos apps
Mas fato é que a Terapia Cognitivo-Comportamental Digital para Insônia (dCBT-i) realmente parece funcionar. Estudos com mais de 9.475 participantes comprovam que apps especializados conseguem:
- Reduzir severidade da insônia em 70-80% dos casos
- Gerar melhorias que duram meses após o tratamento
As startups mais inteligentes estão criando:
Interfaces circadianas: telas que automaticamente ficam "warmer" e menos estimulantes conforme a noite avança.
Modo voz: interações que eliminam a necessidade de olhar para tela.
Wearables invisíveis: anéis e sensores que coletam dados sem você precisar mexer no phone.
Auto-disconnect: apps que literalmente se desligam quando detectam que é hora de dormir.
O cenário de oportunidades do sono
Empresas descobriram que funcionários insones:
- Faltam 46% mais ao trabalho
- São 35% menos produtivos
- Usam 68% mais serviços de saúde
Por isso, 15% de todo a pesquisa e desenvolvimento em healthcare está indo para projetos relacionados ao sono.
De um lado: novos medicamentos como lemborexanto (aprovado pela Anvisa em 2025) que prometem menos dependência que sleeping pills tradicionais.
Do outro: apps que custam fração do preço e têm eficácia comprovada.
Os vencedores provavelmente serão as empresas que combinarem ambos.
Estamos caminhando para um mundo onde:
- Hyper-personalização: seu perfil de sono será tão detalhado quanto seu Spotify Wrapped.
- Medicina preventiva: IA vai prever seus bad sleep days antes de eles acontecerem.
- Integração total: Pharma + digital + ambiente + lifestyle em pacotes únicos.
- Modelos híbridos: tech convenience com human expertise.
Sono é a nova "proteína"
Assim como a proteína entrou em hype no mercado de boa forma, o sono virou o novo fitness. Assim como academia e organic food explodiram com millennials, agora é a vez do "sleep optimization" ser a próxima grande tendência de bem-estar.
Agora há várias alternativas científicas aos remédios tarja preta.
A realidade é que uma geração inteira esqueceu como desligar. E enquanto isso continuar sendo verdade, o mercado do sono só vai crescer. Sweet dreams are made of... business opportunities, apparently.
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